BJÖRK ENCONTRA STOCKHAUSEN



Karlheinz Stockhausen é um dos compositores mais renomados do século 20, uma influente personalidade da vanguarda europeia cujo nome é sinônimo de música experimental. Um cientista e explorador sonoro, ele foi a primeira pessoa a gravar música eletrônica e está entre os primeiros a apresentar uma ao vivo. Stockhausen foi nomeado Professor de Composição na Escola de Música de Colônia em 1970, onde lecionou por sete anos. Em 1990 ganhou um prêmio de Distinção do júri do Prix Ars Electronica. Com mais de 250 obras e mais de 80 discos lançados, a música complexa e desafiadora de Stockhausen tem sido sempre o som do amanhã.

Nascido próximo a Colônia, em 1928, Stockhausen se tornou órfão durante os anos de guerra e teve de lutar para se sustentar e para alcançar uma boa educação. Na escola seu primeiro instrumento foi o piano, que ele continuou estudando na Hochschule für Musik de Colônia. Paralelamente, cursava aulas de musicologia, filologia e filosofia na Universidade de Colônia. Com entusiasmo ele absorveu o trabalho de compositores contemporâneos como Schoenberg, Stravinski e Bartók, mas foi apenas quando tomou contato com a música de Webern e a da nova geração de compositores serialistas de Darmstadt, no verão de 1951, que ele encontrou seu próprio caminho e se propôs a fazer música.

Em 1952 Stockhausen se mudou para Paris para estudar composição. Seus estudos e análises o levaram a uma minuciosa investigação da natureza física dos sons. No estúdio de música concreta da Rádio Francesa, dirigido por Pierre Schaeffer, ele adentrou o micromundo acústico dos sons e resolveu, ao retornar a Colônia, se aperfeiçoar em música eletrônica. No estúdio WDR Stockhausen desafiou a compreensão geral das técnicas de composicão ao gravar osciladores e geradores de tom, literalmente o sinal de teste da estação de rádio, para assim criar padrões sonoros. Stockhausen pertence à primeira geração que ouviu música sem fios. O imediatismo do ajuste do dial o influenciou profundamente. Ele tem escrito peças interpretativas para receptores de ondas-curtas, cultivando métodos elegantes para ilustrar conceitos elaborados. A música intuitiva de ‘Aus den sieben Tagen’ (1968) instrui os performers a:

“viver completamente sozinho por quatro dias
sem comida
e em completo silêncio e sem se movimentar muito
dormir o mínimo necessário
pensar o mínimo possível
após quatro dias, tarde da noite
sem refletir, diretamente
tocar sons isolados
SEM PENSAR no que está tocando
feche seus olhos
apenas ouça”.

Permitir aos performers serem guiados pela intuição era um ato revolucionário. Um decodificador da tecnologia humana, mais um autor de conceitos do que de composições, Stockhausen tem consistentemente experimentado com as formas de percepção dos sons, muito próximo da grandiosidade. Na World Fair EXPO ’70, em Osaka, 20 performers recitaram obras de Stockhausen cinco horas por dia por 180 dias. Num auditório azul metálico decorado com pequenas estrelas do iluminador Otto Pien, visitantes se sentavam em almofadas cor de ocre numa plataforma transparente. Solistas ocupavam as galerias enquanto Stockhausen operava a mesa de som, projetando sons de sete anéis concêntricos e 55 caixas de som em caminhos circulares e espiralizados. Mais de um milhão de ouvintes imergiram na experiência, ouvindo o movimento e as formas das camadas de som.

Ano passado, em Amsterdã, ele amplificou cordas de violinos mixadas com o bater de hélices de helicópteros, cada um deles levando um membro de um quarteto de cordas. Os instrumentos imitavam os rotores, aumentando em intensidade conforme as aeronaves subiam. Os helicópteros viravam e se inclinavam para mudar o ritmo e a velocidade das lâminas da hélice. Dentro, câmeras enviavam imagens ao vivo para a plateia, que assistia à performance em monitores posicionados como um quarteto de cordas na sala de concerto. Altamente compostos, com cada componente como uma parte intrínseca do Quarteto Helicóptero, todos eram dirigidos por Stockhausen do chão.

Na fronteira entre composição e apresentação, Stockhausen estabeleceu uma posição da qual sempre pode aprimorar suas ideias. Quando isso já não mais podia ser expressado de forma convencional, ele ilustrava seus manuscritos com cores, linhas, símbolos, etc. Em sua escrita, Stockhausen constantemente se refere a sua música como proposicões abstratas de uma natureza religiosa. Ele tem sido muito ativo como professor e como performer de suas próprias composições desde que fundou seu Ensembleem 1964. Embora o conservadorismo acadêmico e a crítica pós-moderna tenham conspirado contra ele, Stockhausen calou seus críticos ao comprar os direitos sobre seus trabalhos. A Stockhausen Verlag está gradualmente remasterizando e relançando seu próprio catálogo.

Ao introduzir elementos do acaso, Stockhausen libertou a composição do século 20 da linearidade e aumentou o terreno estabelecido pela música Ocidental. Agregando elementos espirituais ao mainstream da vida artística, ele tem trabalhado entre o intelecto e a intuição, juntando todos os meios disponíveis ao compositor do século 20. O alcance da síntese obtida justifica sua grandiosidade. Stockhausen é o ‘randomiser’ que abriu uma miríade de caminhos musicais a um universo infinito de experiência, vida e pensamento.


STOCKHAUSEN POR BJÖRK

“Eu ia à escola de música desde os 5 anos de idade, e quando tinha 12 ou 13, cheguei à musicologia onde um professor e compositor Islandês me apresentou Stockhausen. Eu me lembro de ser briguenta na escola, a excluída, com uma paixão verdadeira pela música, mas contra essa coisa retrô, normalmente aquela chatice de Beethoven e Bach. Muito disso era essa frustração com a obsessão da escola pelo passado. Quando eu fui apresentada a Stockhausen foi tipo ‘aaah!’. Finalmente alguém estava falando a minha língua. Stockhausen tem dito frases como: “Nós devemos ouvir música ‘velha’ apenas um dia no ano e nos outros 364 dias devemos ouvir música de ‘agora’.  E nós devemos fazê-lo da mesma forma que olhamos álbuns de fotos de quando éramos crianças. Olhar por muitas vezes fotos velhas faz com que elas percam o propósito. Você passa a se preocupar com algo que não importa, e para de se preocupar com o presente. Era assim que ele olhava para todas aquelas pessoas que eram obcecadas por música antiga. Para uma criança nascida na minha geração, que tinha 12 anos àquele tempo, isso era brilhante, pois ao mesmo tempo eu também estava sendo apresentada à música eletrônica de bandas como Kraftwerk e DAF.

Eu penso que quando falamos de música eletrônica ou música atonal, Stockhausen é o melhor. Ele foi a primeira pessoa a fazer música eletrônica, antes mesmo que os sintetizadores tivessem sido inventados. Quero compará-lo a Picasso, pois assim como ele, Stockhausen passou por diversas fases. Há uma enormidade de artistas que construíram suas carreiras dentro de apenas uma das fases de Stockhausen. Ele está sempre um passo adiante: descobre algo que nunca havia sido feito musicalmente antes e, antes mesmo que outras pessoas entendam o que ele criou, ele já parte para a próxima. Como todos os gênios, Stockhausen se mostra obcecado com o casamento entre mistério e ciência, ainda que sejam opostos. Cientistas normais são obcecados por fatos: cientistas geniais são obcecados pelo mistério. Quanto mais Stockhausen descobre com a música, mais ele descobre que não sabe porra nenhuma, que está perdido. Stockhausen me contou sobre a casa que ele mesmo construiu na floresta, e em que morou por 10 anos. Ela é feita de pedaços hexagonais de vidro e não há dois cômodos iguais, são todos irregulares. Ela é toda construída com ângulos reflexivos e muitas entradas de luz. A floresta acaba refletida por dentro de toda a casa. Ele estava me explicando como, após 10 anos, ainda haviam momentos em que ele não sabia onde estava, e ele dizia isso com espanto em seus olhos. Aí eu disse: ‘Isso é brilhante: você pode ser inocente mesmo em sua própria casa’, e ele respondeu: ‘Não apenas inocente, mas também curioso’.
É um piadista!”




BJÖRK ENTREVISTA STOCKHAUSEN

Björk Gudmundsdottir (BG): Parece que sua música eletrônica é mais como a sua verdadeira voz, e suas outras obras são menos pessoais, de alguma forma. Você também sente isso?

Karlheinz Stockhausen (KS): Sim, porque muito do que faço soa como um mundo muito alienígena. Assim, um conceito como ‘pessoal’ passa a ser irrelevante. Isso não é importante, porque é algo que não sabemos, mas eu gosto disso e faço.

(BG): Parece que você coloca suas antenas pra fora, e aquilo é como a sua voz, seu ponto de vista, como vindo do exterior. Ou algo como… (pausa) Eu não consigo explicar.

(KS): Não, eu também não. A coisa mais importante é que isto não é como um mundo pessoal, mas algo que todos nós não sabemos. Nós devemos estudar isso, devemos experimentar isso. Se sentimos algo assim, aí demos sorte.

(BG): Tem certeza que isso não é você?

(KS): Oh, eu sempre me surpreendo comigo, muitas vezes. E quanto mais  descubro algo que eu não tenha experimentado antes, mais entusiasmado  fico. Eu penso que isso é o mais importante.

(BG): Eu tenho esse problema,  fico muito entusiasmada com a música. Aí  entro em pânico pois sinto que não terei tempo pra fazer tudo que quero, isso te perturba?

(KS): Sim e não, porque eu aprendi agora que mesmo meus primeiros trabalhos, feitos há 46 anos atrás, ainda não foram entendidos pela maioria das pessoas. Então é um processo natural você encontrar algo que te surpreenda,  para os outros isso é ainda mais difícil de incorporar em seus seres. Então demoraria às vezes 200 anos para que um  grande grupo de pessoas, ou mesmo de indivíduos, atingirem o mesmo estágio que eu atingi ao ter gasto, vamos dizer, três anos, por oito horas ao dia no estúdio para criar algo. Você precisa de tanto tempo quanto eu precisei apenas para aprender  a ouvir. E nem vamos falar sobre entender o que a música significa. Então é um processo natural que certos músicos façam algo que precisa de muito tempo para ser ouvido por muitos, e isso é muito bom.

(BG): É, mas eu também estou falando sobre a relação entre você e você mesmo, e o tempo que você tem entre seu nascimento e sua morte. Se é  suficiente pra fazer tudo o que você quer.

(KS): Não, você só pode fazer uma parte pequena daquilo que quer fazer. É natural.

(BG): É, talvez eu seja muito impaciente. É muito difícil pra mim…

(KS): 80 ou 90 anos não são nada. Existem muitas obras musicais belíssimas do passado que a maioria das pessoas vivas nunca irá ouvir. Essas obras são extraordinariamente preciosas, cheias de mistério, inteligência e invenção. Estou pensando neste momento em certos trabalhos de Bach, ou até mesmo de compositores anteriores a ele. Existem tantas composições fantásticas, com 500 ou 600 anos , que não são conhecidas pela maioria dos seres humanos. Então vai demorar muito tempo. Há bilhões de coisas preciosas no universo que não temos tempo de conhecer e estudar.

(BG): Você parece tão paciente, como quem tem uma enorme disciplina para aproveitar o tempo. Isso me apavora, eu não aprendi nem como sentar na minha cadeira, é difícil pra mim. Você sempre trabalha oito horas por dia?

(KS): Mais.

(BG): O seu foco é mostrar ou gravar as coisas lá fora? Provar que elas existem, como por razões científicas, ou é mais emocional, para criar uma desculpa para que todos se unam, de forma que talvez alguma coisa aconteça? Como sua música poderia atingir isso?

(KS): São ambos.

(BG): Ambos?

(KS): Claro. Sou como um caçador, tentando encontrar algo, e ao mesmo tempo, bem, esse é o aspecto científico, tentando descobrir. Por outro lado, estou emocionalmente em  alta tensão sempre que chega o momento em que tenho de agir com meus dedos, com minhas mãos e meus ouvidos, em que movo o som, dou-lhe forma. É aí que não posso separar pensamento e ação com meus sentidos: ambos são importantes para mim. Entretanto, o envolvimento total ocorre em ambos os estados: se sou  um pensador, ou um ator; eu estou totalmente envolvido, eu me envolvo.

(BG): Eu costumava viajar com meu microsystem e ter meus bolsos cheios de fitas, e tentava sempre encontrar a música certa. Eu não me preocupava qual música era, desde que ela unisse a todos naquele ambiente. Mas às vezes isso pode ser um truque barato, sabe? Eu me lembro que li certa vez que uma das razões porque você não gosta dos ritmos regulares é por causa da guerra.

(KS): Não, não, isso foi…

(BG): …um mal entendido?

(KS): Hmm, sim. Quando eu danço eu gosto de música regular; sincopada, natural. Ela não deve ser sempre como uma máquina. Mas quando eu componho, eu utilizo ritmos periódicos muito raramente, e apenas num estágio intermediário, porque eu penso que há uma evolução na linguagem musical na Europa que tem levado de ritmos muito simples e periódicos a ritmos cada vez mais irregulares. Então eu tomo cuidado com músicas que enfatizem esse tipo de periodicidade minimalista pois isso externaliza os sentimentos e impulsos mais básicos do ser humano.
Quando eu digo ‘básico’, isso significa o físico. Mas não somos apenas um corpo que anda, que corre, que faz movimentos sexuais, que tem um batimento cardíaco que é, mais ou menos, num corpo sadio, 71 batidas por minuto, ou que tem certos impulsos cerebrais, então nós somos todo um sistema de ritmos periódicos. Mas já dentro do corpo há muitas periodicidades superimpostas, que vão de muito rápidas a muito lentas. Respirar é, algo que ocorre num momento calmo, aproximadamente a cada seis ou sete segundos.
Ali está a periodicidade. E tudo isso junto constrói uma música muito polimétrica no corpo, mas quando eu faço música como arte eu sou parte de toda a evolução, e estou sempre procurando mais e mais realizar trabalhos diferenciados. Na forma também.

(BG): Apenas porque é mais honesto, mais real?

(KS): Sim, mas o que a maioria das pessoas gosta é de uma batida repetitiva, regular, hoje em dia eles fazem isso até na música pop com uma máquina. Creio que se deva fazer um tipo de música que seja um pouco mais… flexível, assim por dizer, um pouco mais irregular.
Irregularidade é um desafio, veja isso. O quão longe podemos ir fazendo música irregular? Podemos ir tão longe quanto um pequeno momento em que tudo se sincroniza, e repentinamente some de novo em diferentes métricas e ritmos. Mas é assim que é a história, de qualquer forma.

(BG): Penso que na música popular de hoje as pessoas estão tentando lidar com o fato de que estão vivendo com todas essas máquinas, e tentando combinar máquinas e humanos e tentando casá-los num matrimônio feliz: tentando ser otimista sobre isso. Eu fui criada por uma mãe que acreditava piamente na natureza e queria que eu vivesse descalça 24 horas por dia e todas essas coisas, então fui criada com esse grande complexo de culpa de carros e arranha céus, e eu fui ensinada a odiá-los, e agora eu penso, tipo, estou no meio. Eu posso ver essa geração, que é dez anos mais nova do que eu, fazendo música, tentando viver com isso. Mas tudo é com aqueles ritmos regulares e aprendendo a amá-los, mas ainda ser humano, ainda ser totalmente corajoso e orgânico.

(KS): Mas ritmos regulares estão em todas as culturas: a base da estrutura. É somente muito mais tarde que eles começaram a criar ritmos mais complicados, então eu penso que não é tão verdade que as máquinas tenham trazido irregularidade.

(BG): É, eu acho que o que me faz mais feliz é o teu otimismo, especialmente sobre o futuro. E eu penso, pra mim, aqui estou falando também sobre minha geração. Nós fomos ensinados que o mundo está descendo ralo abaixo e que todos vamos morrer logo, e encontrar alguém tão aberto como você, com otimismo, é especial. Muitos jovens estão fascinados pelo que você tem feito. Você acha que é por causa desse otimismo?

(KS): Também eu entendo que os trabalhos que tenho composto são um grande material de estudo, para aprendizado e experiência. Em particular, experimentar a singularidade, e isso dá confiança às pessoas, então elas vêem que ainda há muito por fazer.

(BG): E também talvez porque você tem feito tantas coisas que eu penso que muitos jovens devem achar que um por cento disso vale a pena, e podem assim se identificar com o que você tem feito.

(KS): Talvez com trabalhos diferentes, porque eles não podem conhecer todos. Eu tenho 253 trabalhos que podem ser individualmente apresentados, em partituras, e aproximadamente 70 ou 80 discos com trabalhos diferentes em cada um, todos diferentes, então há muito por se descobrir. É como um mundo dentro de outro, e há tantos aspectos diferentes. Provavelmente é disso que eles gostam: todas essas obras são diferentes. Eu não gosto de me repetir.

(BG): Você acha que é nossa função levar tudo aos seus limites, utilizar tudo o que temos, como toda a inteligência e todo o tempo, e tentar de tudo, especialmente se é difícil, ou você acha que é mais uma questão de apenas seguir os próprios instintos, deixando de lado as coisas que não nos excitam?

(KS): Eu estou pensando neste momento nos meus filhos. Tenho seis filhos, eles são bem diferentes. Há dois, em particular, por acaso os mais jovens, que estão imersos em direções tão distintas que dizem respeito a gosto, ou entusiasmo, e há um filho que é trompetista que tentou em certo momento, anos atrás, se tornar um professor espiritual. Ser um professor de Yoga e ajudar pessoas em dificuldade a se animarem e acreditarem num mundo melhor, mas aí eu lhe contei que já há bastantes pregadores, e que focasse no seu trompete. Demorou alguns anos para que ele voltasse a seu trompete, e agora ele parece concentrado e deixa de fora quaisquer outras opções que tenha. Eu poderia ter sido um professor, um arquiteto, um filósofo, um professor que só deus sabe de quê entre tantas faculdades diferentes. Eu poderia ser um jardineiro ou um fazendeiro muito facilmente: fui um agricultor por muito tempo, por um ano e meio de minha vida. Estive também numa fábrica de automóveis por um tempo, e eu gostava daquele trabalho, mas eu entendi tudo ao final dos meus estudos, quando ainda estava  trabalhando em meu doutorado - e como um pianista eu ensaiava por 4 ou 5 horas por dia no piano, sozinho. Eu tocava toda noite num bar pra sobreviver, mas desde que compus a primeira obra que senti soar diferente de tudo que conhecia, tenho focado na composição e tenho perdido quase tudo o que o mundo tem a me oferecer: outras faculdades, outras formas de viver, como você acabou de dizer, excitações de todos os tipos. Eu tenho realmente me concentrado, dia e noite, em um aspecto muito determinado: compor, apresentar e corrigir minhas partituras e publicá-las. E, pra mim, isso tem sido o jeito certo. Eu não posso dar conselhos gerais, pois se o indivíduo não ouve seu chamado interior, ele não realiza nada. Então você tem de ouvir o chamado e não haverá mais questionamento.

(BG): É, é como você pode chegar mais longe.

(KS): Eu não sei. Eu apenas acho que não consigo realizar nada que faça sentido para mim se eu não me concentrar exclusivamente naquela coisa. E assim perco muito do que a vida tem a oferecer.

(BG): E aprende como se sentar em uma cadeira.

(KS): Você sabe que eu também sou regente, não fico apenas sentado numa cadeira. Conduzo orquestras, coros, ensaio muito, e ando por aí arrumando caixas de som com os técnicos, e organizando todos os ensaios, então não é apenas sentar numa cadeira, mas eu te entendi, é como se concentrar naquela única vocação.

Texto originalmente publicado na revista Dazed and Confused (ed.23) por Desmond K. Hill em agosto de 1996.

Tradução de Kleber Nigro & Marcelo Ariel

3 Comments:

At 27 de fevereiro de 2013 às 09:16, Anonymous Anônimo said...

ótima publicação.....

 
At 5 de março de 2013 às 18:11, Anonymous Anônimo said...

et la musique?

 
At 6 de março de 2013 às 08:00, Anonymous Fiume420 said...

la musique c'est magnifique!

 

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